terça-feira, julho 31, 2007

Preta, preta, pretinha...


Dois dias com a minha preta-gringa em Carandaí e Hermillo (um frio danado!) foi muito pouco, mas em dezembro, Vilma, Arne e Ricardo estarão no Rio, se Deus quiser. Já sinto saudades dos meus amigos... É a vida!

FESTA NO INTERIOR: HERMILLO ALVES - MG




















































Chitãozinho E Xororó - No Rancho Fundo
No rancho fundo
Bem pra lá do fim do mundo
Onde a dor e a saudade
Contam coisas da cidade...
No rancho fundo
De olhar triste e profundo
Um moreno conta as "mágoas"
Tendo os olhos rasos d'água
Pobre moreno
Que de noite no sereno
Espera a lua no terreiro
Tendo o cigarro por companheiro
Sem um aceno
Ele pega na viola
E a lua por esmola
Vem pro quintal desse moreno
No rancho fundo
Bem pra lá do fim do mundo
Nunca mais houve alegria
Nem de noite nem de dia
Os arvoredos
Já não contam mais segredos
E a última palmeira
Já morreu na cordilheira
Os passarinhos
Internaram-se nos ninhos
De tão triste esta tristeza
Enche de trevas a natureza
Tudo por que?
Só por causa do moreno
Que era grande, hoje é pequeno
Para uma casa de sapê
Se Deus soubesse
Da tristeza lá serra
Mandaria lá pra cima
Todo o amor que há na terra
Porque o moreno
Vive louco de saudade
Só por causa do veneno
Das mulheres da cidade
Ele que era
O cantor da primavera
Que até fez do rancho fundo
O céu maior que tem no mundo

terça-feira, julho 17, 2007

Tocando na rádio cabeça

Depois de ter você (Cantada)
Adriana Calcanhoto


Depois de ter você
Pra que querer saber
Que horas são?
Se é noite ou faz calor
Se estamos no verão
Se o sol virá ou não
Ou pra que é que serve
Uma canção como essa?


Depois de ter você
Poetas para quê?
Os deuses, as dúvidas
Pra que amendoeiras pelas ruas?
Para que servem as ruas?
Depois de ter você...

sexta-feira, julho 13, 2007

VOCÊ, VOCÊ

QUE ROUPA VOCÊ VESTE, QUE ANÉIS?
POR QUEM VOCÊ SE TROCA?
QUE BICHO FEROZ SÃO SEUS CABELOS QUE À NOITE VOCÊ SOLTA?
DE QUE É QUE VOCÊ BRINCA?
QUE HORAS VOCÊ VOLTA?

SEUS BEIJOS NOS MEUS OLHOS, SEUS PÉS
QUE O CHÃO SEQUER NÃO TOCAM
A SEDA A ROÇAR NO QUARTO ESCURO E A RÉSTIA SOB A PORTA
ONDE É QUE VOCÊ SOME?
QUE HORAS VOCÊ VOLTA?

QUEM É ESSA VOZ?
QUE ASSOMBRAÇÃO SEU CORPO CARREGA
TERÁ UM CAPUZ?
SERÁ O LADRÃO?
QUE HORAS VOCÊ CHEGA?

ME SOPRE NOVAMENTE AS CANÇÕES
COM QUE VOCÊ ME ENGANA
QUE BLUSA VOCÊ, COM O SEU CHEIRO, DEIXOU NA MINHA CAMA?
VOCÊ, QUANDO DORME
QUEM É QUE VOCÊ CHAMA?

PRA QUEM VOCÊ TEM OLHOS AZUIS E COM AS MANHÃS REMOÇA?
E À NOITE, PRA QUEM VOCÊ É UMA LUZ DEBAIXO DA PORTA?
NO SONHO DE QUEM VOCÊ VAI E VEM
COM OS CABELOS QUE VOCÊ SOLTA?
QUE HORAS, ME DIGA, QUE HORAS VOCÊ VOLTA?

GUINGA/ CHICO BUARQUE 1997

Estou viciada nessa música, na voz da Mônica Salmaso. É demais!

terça-feira, julho 10, 2007

Vou tentar não falar mais de FLIP e Paraty no blog, mas ainda estou - pra variar - apaixonada por esses últimos dias...

PARATY EXALA HISTÓRIA, TEM SABOR DE PASSADO


ARTE PELAS RUAS DA CIDADE



















FLIP – 2007

Foram três dias de sol, com um friozinho agradável durante a noite, em Paraty. Perfeito! A cidade estava enfeitada, como sempre, com seus bonecos de papel machê, além de inúmeros balões pendurados nas árvores. Havia a tenda da Flipinha (para as crianças, com a presença de Bartolomeu Campos de Queirós, Mariana Massarani, Gabriel o pensador e outros), além de oficinas realizadas na praça. Artistas expondo seus trabalhos nas ruas, pessoas tocando, pintando, esculpindo e declamando poesias à noite, nos bares e restaurantes. Nenhuma briga, nada de confusão. Pura celebração da literatura e da diversão.

Havia muitos turistas estrangeiros e de vários lugares do Brasil, convivendo em perfeita harmonia. Experimentamos no “Bar Che” e, depois, em um restaurante argentino o chope Caborê, “a cerveja artesanal de Paraty”. Caborê é uma corujinha do campo e nome do bairro onde se localiza a cervejaria. É do tipo Pilsen, clara, de baixa fermentação, feita com puro malte, lúpulo e leveduras especiais, sem conservantes, de acordo com a Lei de Pureza alemã. Uma delícia!

Começamos a participar da FLIP na sexta-feira com a Mesa 6 – A vida como ela foi – com Fernando Morais, Paulo César de Araújo e Ruy Castro, três escritores de biografias famosas, como “Chatô, o rei do Brasil”, “Roberto Carlos, em detalhes” e “O anjo pornográfico”, respectivamente. Os três autores tiveram problemas com a publicação de alguns dos seus livros, levada ao Judiciário, por motivos distintos. Paulo César se emocionou ao falar dos quinze anos de pesquisa dedicados à biografia de Roberto Carlos, no contexto da Música Popular Brasileira e o “acordo” realizado por um juiz do Juizado Especial Criminal, no interior de São Paulo, que levou ao recolhimento de 11.000 exemplares, entregues ao rei. Os Juízes foram “a bola da vez”. Como leigos, os biógrafos cometeram aberrações jurídicas no que disseram e, por outro lado, falaram também muitas verdades sobre os “togados”. Sustentaram a incompatibilidade entre dois dispositivos constitucionais: o que defende a liberdade de expressão e o que protege o direito à imagem. As falas mexeram com o público e arrancaram calorosos aplausos da tenda da matriz (telão para 850 pessoas) e da tenda dos autores (teatro para 250 pessoas).

Em seguida, assistimos à mesa 7 – Álbum de família, com Ahdaf Soueif e a revelação Ana Maria Gonçalves, falando sobre o seu aclamado “Um defeito de cor”, história de uma africana que chega ao Brasil, após ter passado por muitas intempéries, até participar da “revolução” Malê, dos negros muçulmanos, em Salvador.

A mesa 8 –Terras- teve a participação do moçambicano Mia Couto e do brasileiro Antônio Torres, mediada pelo angolano José Eduardo Agualusa. Mia foi, como de costume, poético (“o que já está queimado não volta a arder”), dizendo não se recordar dos nomes dos seus livros (“Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra”, por exemplo) e a conversa girou sobre a terra de cada um, passando pela guerra civil em Moçambique (hoje não há a guerra feita com armas, pela liberdade, mas há a guerra da miséria. – Mia Couto). Antônio Torres deu graça à conversa falando sobre Sátiro Dias, cidade onde nasceu.

A mesa 10 – Panteras no Porão – com Amoz Oz e Nadine Gordmer, ele nascido em Jerusalém, distinguido com o Prêmio Príncipe das Astúrias das Letras, em reconhecimento dos seus esforços no uso do hebreu como «brilhante instrumento» para a arte literária e para a revelação das realidades do nosso tempo, e ela, tendo recebido o Prêmio Nobel da Literatura em 1991, chamou, mais uma vez, a atenção para a ignomínia que era o apartheid, na África do Sul. Leram trechos dos seus livros e falaram sobre como são criticados em seus próprios países. Amigos, há 10 anos, os escritores conversavam no palco com muita intimidade, emocionando e fazendo rir os espectadores das duas tendas.

A mesa 11- Nelson Rodrigues /Ato 3 – teve a participação de Leyla Perrone-Moisés, Nuno Ramos e Arnaldo Jabor (através de um vídeo enviado pelo escritor que não pôde estar fisicamente presente). A mediação foi de Nelson Motta. Os dois primeiros participantes tiveram falas teóricas, enquanto o vídeo do Jabor e a narrativa de Nelson tiveram um caráter intimista, com detalhes da vida e da convivência de ambos com Nelson Rodrigues.

A mesa 12 – Dois lados do Balcão – teve a participação do argentino César Aira e de Silviano Santiago, os quais falaram sobre escrever ensaios e ficção e de como migrar de um gênero a outro.

O que mais havia para ver em Paraty? A Casa da Cultura, há três anos com o projeto de Bia Lessa, contendo a história da cidade e dos moradores, com muita arte, vídeos e passeio guiado. Há também o Teatro de Bonecos (não tive a oportunidade de assistir, mas comprei o dvd), os passeios de charrete, de escuna, o caminho do ouro, o forte e muito mais. Impossível ver, aproveitar tudo, em apenas três dias.

A Igreja da Matriz estava enfeitada com um véu de noiva (homenagem a Nelson Rodrigues) do alto da torre – com a grinalda – até o chão. Ao fundo a faixa: CULTURA EM GREVE. Uma pena! Os professores e outros profissionais da cultura reivindicando melhores salários...

Enfim, não foi possível assistir a todas as mesas, até porque os ingressos para boa parte delas já estavam esgotados, como a do Premio Nobel J. M. Coetzee, autor de obras como Juventude, Desonra, Diário de um ano ruim e muitos outros.

A viagem a Paraty e à literatura valeu a pena. Agora resta aguardar a FLIP 2008, com seus prováveis novos e bons momentos.

quarta-feira, julho 04, 2007

FLIP 2007 - PARATY, AÍ VAMOS NÓS!







Essa música é tudo!

Carne e Osso

Zélia Duncan

Composição: Moska e Zélia Duncan

A alegria do pecado
Às vezes toma conta de mim
E é tão bom não ser divina
Me cobrir de humanidade me fascina
E me aproxima do céu

E eu gosto
De estar na terra
Cada vez mais
Minha boca se abre e espera
O direito ainda que profano
Do mundo ser sempre mais humano

Pois Perfeição demais
Me agita os instintos
Quem se diz muito perfeito
Na certa encontrou um jeito insosso
Pra não ser de carne e osso
Pra não ser carne e osso