Uma história sobre borboletas (Caio Fernando de Abreu)
É assim mesmo - eu disse. - O mundo fora da minha cabeça tem janelas, telhados, nuvens, e aqueles bichos brancos lá embaixo. Sobre eles, não te detenhas demasiado, pois correrás o risco de transpassá-los com o olhar ou ver neles o que eles próprios não vêem, e isso seria tão perigoso para ti quanto para mim violar sepulcros seculares, mas, sendo uma borboleta, não será muito difícil evitá-los: bastará esvoaçar sobre as cabeças, nunca pousar nelas, pois correrás o risco de ser novamente envolvida pelos cabelos e reabsorvida pelos cérebros pantanosos e, se isso for inevitável, por descuido ou aventura, não deverás te torturar demasiado, de nada adiantaria, procura acalmar-te e deslizar para dentro dos tais cérebros o mais suavemente possível, para não seres triturada pelas arestas dos pensamentos, e tudo é natural, basta não teres medos excessivos - trata-se apenas de preservar o azul das tuas asas.
3 comentários:
Pra não perder o vício saudável de dar uma chegadinha nos blogs amigos... Minhas leituras de Caio Fernando Abreu remontam o século passado, bom encontrá-lo por aqui.
Beijos e bom fim de semana...
Chris, o blog da sabine tá no ar de novo... bom pra gente manter o contato. Bjs
Chris, esqueceu de dizer o que toca na sua rádio cabeça!!! Pra mim, se melhorar, melhora... tem uma obra aqui que compete com as igrejas do país. Não acaaaaaba nunca!
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