quarta-feira, agosto 04, 2010

PORTUGAL

A viagem a Portugal começou em abril, com a escolha do roteiro, cotação em agências de turismo e, depois de tudo acertado, com o pé no avião da TAP, restava-me sonhar e imaginar cada detalhe, os lugares que seriam visitados e o que iria na mala (câmeras fotográficas, principalmente).

As crianças pintaram mapas e a bandeira de Portugal. Ajudaram a montar o roteiro de forma mais detalhada e para isso navegaram na internet pela terra de Vasco da Gama e disseram que não abririam mão do Oceanário e do Zoológico de Lisboa. Partiram pelo Google Earth e pelo Via Michelin. Aprenderam rapidinho.

Os mapas ficaram por conta do André, mas poucos dias antes de partirmos, ele comprou o tom-tom, GPS que foi fundamental para o sucesso da nossa viagem, pois pegamos o carro em Porto e fomos para Santiago de Compostela, Coimbra e Lisboa, parando em outras pequenas cidades e seus monumentais castelos, sem maiores problemas.

Caminhávamos durante todo o dia, até às 20h (aproximadamente). Tomávamos um banho no hotel, com direito a meia hora de descanso e pé na rua novamente, para jantarmos e conhecermos um pouco mais de cada cidade. Foi cansativo, mas valeu a pena.

Porto tem a Ribeira, os ares do Douro e um sem número de bares e restaurantes à beira do rio. A cerveja desce fácil, pois a sensação térmica é de 40º, o céu azul, sem nuvens, belas paisagens e muita, muita sede, porque o clima é seco. Lábios e mucosas ressecadas, nenhuma gota de suor, um delicioso forno, afinal, em férias, a gente para, coloca soro fisiológico no nariz, uma Imperial na guela e pronto. Ah, não poderia deixar de mencionar o prato típico do Porto, a “francesinha”, uma espécie de sanduíche que se parece com lasanha, cujo recheio é variado (linguiça, salsicha, bife, ovo estrelado e o que mais você inventar, completamente coberto com mussarela e bastante molho de tomate ralinho por cima e em volta). É de comer rezando!

Atravessamos a ponte e já estávamos em Vila Nova de Gaia, onde saboreamos “aveiras' um tipo de linguiça recheada de caça, na “Taberninha do Manel”. Depois, fomos à cave Sandeman, degustar vinhos do porto e ouvir a sua história.

Partimos para Santiago de Compostela. No caminho, paramos em Guimarães, cidade onde nasceu Portugal, linda, cheia de restaurantes com suas terrazas, monumentos erguidos a dom Afonso Henriques, “o cara” que tornou seu país o primeiro estado unificado da Europa. Após, um pequeno passeio por Braga e, em seguida, Santiago.

No caminho de Santiago para Coimbra paramos em Aveiro, onde experimentamos as sardinhas com sal grosso na brasa e os famosos ovos moles. Na estrada, ouvimos as rádios portuguesas, comendo chocolates Lindt e Toblerone comprados nos “serviços” onde abastecíamos o carro com o frentista André.

A Universidade de Coimbra com a biblioteca Joanina deixou o André com vontade de fazer o mestrado na “terrinha” e a mim também, pois a faculdade de Letras é praticamente ao lado do prédio de Direito. À tarde conhecemos Conímbriga, as ruínas romanas do século I aC. E partimos para ver Portugal dos Pequenitos, um parque com todos os prédios famosos construídos em miniaturas, museus dos trajes e do mobiliário e prédios representando cada uma das colônias portuguesas. Foi a vez de Larissa e Rafaela aproveitarem.

No dia seguinte, partimos para Fátima. Depois, Leiria com seu castelo medieval, mas gostei mesmo foi do Mosteiro de Alcobaça, poder ver os túmulos de Pedro e Inês lembrando das aulas de Literatura Portuguesa. Aí, só mesmo um cálice de ginginha (licor típico a base de cerejas), mais cerveja e um maravilhoso sande (sanduíche) de atum, preparado por uma vendedora muito simpática, como todos os portugueses com quem conversamos. O auge desse dia foi outra cidade medieval: Óbidos. Linda! Caminhamos sobre suas muralhas, vendo as casinhas lá em baixo e plantações ao longe. Ao descermos, voltamos para o carro através das ruas estreitas, cheias de bares, restaurantes e algumas pousadas. Que vontade de pernoitar ali, mas ainda precisávamos chegar a Lisboa.

Nosso primeiro dia em Lisboa começou com o típico passeio à Torre de Belém, Padrão dos Descobrimentos e Mosteiro dos Jerônimos, sob um sol escaldante que só se punha às 9h da noite. Caminhamos demais, voltamos ao hotel para irmos a Cascais (Búzios dos alfacinhas) encontrar amigos brasileiros, mas, era uma sexta-feira, na hora do rush (que lá não costuma ser intensa) e houve um acidente na estrada que subitamente engarrafou as saídas de Lisboa. Resultado: voltamos para o hotel. Rapidinho um banho e rua! Fomos passear no Bairro Alto, Chiado, ver as pessoas, os bares cheios e o Rossio. Terminamos a noite no Fado Luso (comprei um cd autografado pelo cantor da casa).

Ah, não poderia deixar de falar do Oceanário de Lisboa. Lindo! Aquários de 7m de altura continham as várias espécies de plantas e peixes de cada um dos oceanos. Os pinguins, ao ar livre foram um show a parte, assim como a lontra. Larissa e Rafaela pareciam enfeitiçadas, brincando na casa do Vasco (mascote do oceanário), onde há reciclagem do lixo, economia de água e energia. De lá, fomos de teleférico ao Shopping Vasco da Gama e restaurantes do Parque das Nações. O passeio não parou por aí, afinal, acordamos cedo para ter um longo dia de descobertas. Seguimos para o Castelo de São Jorge e paramos um pouco por lá, deitados numa sombra. O calor continuava a torrar nossos miolos e nada melhor que uma Imperial bem gelada na varanda do Nicola, restaurante tradicional do Rossio, para hidratar nossas gargantas e “molhar a palavra".

Estoril, Cascais e Sintra – passeio do penúltimo dia em Portugal. Pegamos o carro e partimos à beira-mar (optamos por não seguir pela via rápida). Paradinha básica no Casino, fotos, uma voltinha pela cidade e tomamos a direção de Cascais, onde almoçamos e conhecemos a “Boca do inferno” de charrete. Mais uma vez, o sol não nos poupou e foi até desconfortável sentir aquele calor seco o tempo inteiro. À tardinha chegamos a Sintra, onde visitamos o Castelo da Pena, uma bela construção com influência árabe, mais recente, com os aposentos repletos de móveis e objetos de decoração dos últimos anos da monarquia.

Último dia, snif, snif. Fomos direto para a Casa Fernando Pessoa. O quarto e o gabinete estavam decorados como se fossem do heterônimo Ricardo Reis, o médico nascido no Porto e que viveu no Brasil durante um tempo. Esses ambientes são modificados periodicamente, dependendo do heterônimo que lá está a morar. Depois, fomos sentir mais um pouco o movimento do Chiado, almoçamos em Belém e compramos os famosos pastéis para trazer ao Brasil. Como o zoo só fechava às 20h, para lá nos dirigimos, afinal, as meninas queriam assistir ao show dos golfinhos. Conseguimos. Foi ótimo, apesar de cansados, termos ido até lá. Só não encarei mais um teleférico pois iria me desmanchar de tanto calor naquela cadeirinha. Fechamos o dia e a viagem com chave de ouro: jantamos um leitão à bairrada num restaurante próximo ao hotel.

Posso dizer que gostei imenso de Portugal. Ver a escultura do Fernando Pessoa no “A brasileira” me emocionou. Encontrar a livraria “Lello e irmão” no Porto, tudo como eu havia sonhado, foi demais! Seria impossível colocar no papel todas as impressões dessa viagem, mencionar os lugares e momentos que vivemos, no real sentido da palavra.

Foi a nossa terceira vez na Europa e primeira das nossas miúdas (ou “putinhas cómicas”). Elas encararam tudo! Alimentaram-se bem e caminharam à beça. Rafa voltou com calos e bolhas nos pés. O prazer do olhar inaugural superou o desgaste físico.
O livro “O português que nos pariu” (Angela D. De Meneses), assim como o guia da Publifolha, deram uma ajuda na parte histórica, assim como as recentes aulas de filologia do querido Professor Cláudio C. Henriques.

Ruas limpas, estradas perfeitas, pedágios justos, sinalização, respeito ao pedestre e trânsito organizado. Tranquilidade ao caminhar pelas ruas durante a madrugada, com máquinas fotográficas a vista (impagável). Resultado: não vou mais conseguir contar anedotas “de português”, pois a verdade é que nós, brasileiros, somos uma verdadeira piada (infelizmente).

Ah, já ia esquecendo de dizer que, em comparação com o Brasil, o preço do táxi na terrinha é barato e os motoristas conhecem cada monumento e a história das cidades, além de sentirem orgulho de contá-la. Mais um ponto para eles!

A comida é deliciosa e bem servida. O vinho é o nacional (sem comentários). Com a cerveja a gente se habitua fácil. Pode-se pedir a Imperial ou a Super Boch, bem geladas. TDB. Adorei!

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