Sou apaixonada por tecnologia e tento acompanhar as notícias sobre lançamentos de celulares, aplicativos, câmeras fotográficas e suas objetivas, assim como uma gama de aparelhos que me deixam completamente enlouquecida. Sou aficionada por produtos Apple. Samsung, Sony e Nokia disputam o segundo lugar, mas isso consome tempo e dinheiro. Ainda bem que essa paixão sempre perdeu para a literatura, para o amor aos livros tradicionais, de papel, com cheiro de novo ou antigo, não importa.
Eis que um antigo problema voltou a me incomodar: a falta de espaço para guardar os queridos exemplares e isso motivou minha nova aquisição, um Kindle paper white. Foi uma grata surpresa, adorei!
As obras com encadernação mais caprichada, tipo Cosac Naif ou Taschen, continuarei comprando, já as demais, poderei simplesmente baixar com um clique. Acho que vai dar certo.
Em que pese todo esse entusiasmo pelo novo, por descobertas em qualquer âmbito, tenho me sentido um tanto assustada. Esse espanto começou, especificamente, com as impressoras 3D. Pode parecer besteira, mas não gostei de ver armas sendo materializadas, peça por peça, e funcionando como as que serviram de modelo. É claro que essa invenção irá impulsionar também a fabricação de próteses e poderá ser usada, em inúmeros casos, para o bem. Ainda assim...
Temos, em fase de testes para desenvolvedores, o Google Glass. Já existem telas com rolagem por impulso dos olhos e outras tantas inovações. Enfim, uma evolução impossível de acompanhar. Isso sem falar no Big Data, um incômodo e um benefício ao qual todos estamos sujeitos. A velocidade e a quantidade de informações trafegando em tempo real é absurda. Toda a nossa vida, hábitos e preferências estão na rede. Descobri que se você quiser postar o trecho de um livro no Facebook ou no Twitter via Kindle, precisa antes autorizar o acesso da Amazon aos seus contados nas redes sociais, isso para que a maior loja virtual do mundo possa oferecer e vender produtos, de acordo com os gostos específicos de cada um. Esse é apenas um pequeno exemplo do que a Rede Mundial de Computadores pode realizar.
Em razão do meu trabalho, tenho contato com a investigação de crimes cibernéticos (furto, pedofilia, etc.). Transferências são realizadas para contas bancárias de norte a sul do Brasil. Há buscas pelos números dos IPs de computadores, quebras de sigilo bancário e telemático, visando encontrar os estelionatários, o que, na maioria das vezes, não acontece. A situação é realmente mais grave do que se pensa.
Já repararam que ao navegar, por exemplo, no site Grooveshark (biblioteca musical on line), surgem - no lado direito da tela - propagandas de produtos já pesquisados por vocês na internet? Isso acontece em vários locais da rede e não se trata de mera coincidência.
Há, inicialmente, duas opções: render-se à era da tecnologia e ao futuro que em instantes se transforma no presente, com todos os ônus e bônus, diretos e indiretos ou, simplesmente, não se expor em blogs, sites de relacionamentos e redes sociais, não ter cartões de crédito e débito, além de abrir mão dos telefones celulares e afins. Uma terceira possibilidade pode ser buscada, o meio termo, o equilíbrio, não sendo garantida, mesmo com toda cautela, a inexistência do Grande Irmão em meio aos seus dados pessoais e, atenção, com poucas restrições.
Eu já escolhi, ficarei com a primeira, arcando conscientemente com as consequências negativas, mas usufruindo dos benefícios que a internet nos proporciona. Faz parte do jogo.
Christiane Reis