
Ganhei um livro sobre o Dom Quixote com ilustrações do Portinari. É uma beleza, publicado pelo Tribunal de Justiça e pela Escola da Magistratura/RJ, com vários textos sobre os 400 anos da obra, sendo um deles do Ferreira Gullar.
Obrigada, Aglaé!
Soneto da Loucura
A minha casa pobre é rica de quimeras
E se vou sem destino a trovejar espantos,
Meu nome há de romper as mais nevoentas eras
Tal qual Pentapolim, o rei dos Guaramantas.
Rola em minha cabeça o tropel de batalhas
Jamais vistas no chão ou no mar ou no inferno.
Se da escura cozinha escapa o cheiro de alho,
O que nele recolho é olor da glória eterna.
Donzelas a salvar, há milhares na Terra
E eu parto e meu rocim, corisco, espada, grito,
Todo endireitando, herói de seda e ferro,
E não durmo, abrasado e janto apenas nuvens,
Na férvida obsessão de que enfim a bendita
Idade de Ouro e Sol baixe lá nas alturas.
Carlos Drummond de Andrade
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