Assisto, leio e vivo (de maneira indireta) muitas coisas ruins no trabalho. Tem sido pesado ver pessoas à beira da morte em face da ausência de medicamentos, por falta de vontade política e pelo "simples" fato de não terem comida. Não me contive e escrevi cartas aos jornais O Globo e O Fluminense, para tentar dar maior publicidade a algumas atrocidades enrustidas.
Cada vez me dói mais a falta de educação, no sentido de saber o mínimo para a expressão básica do pensamento. As pessoas não conseguem falar e entender a língua portuguesa, dita de forma
simples. O nível cultural do povo, no Rio de Janeiro, é o pior possível.
Li Graciliano Ramos, em Vidas Secas, e percebi no personagem Fabiano um pouco de cada um daqueles com os quais preciso lidar diariamente:
"Era bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. Estava preso por isso? Como era? Então mete-se um homem na cadeia porque ele não sabe falar direito? (...)
Não podia arrumar o que tinha no interior. Se pudesse..."
Fora isso, aquele acidente com o aerobarco da Transtur. Estou desde o dia 03 de fevereiro tentando uma providência junto ao Ministério Público Estadual, onde sequer fui atendida pelo Promotor de Justiça da Ouvidoria daquele órgão. Telefonei, enviei e-mails, alertei sobre o risco de acidentes e NADA foi feito. Liguei para a Capitania dos Portos e NADA. Na Secretaria de Transportes sequer atenderam o telefone. Por coincidência, no dia do acidente, tentei novamente o MPE e não consegui, então, protocolei minha representação no Ministério Público Federal, mesmo sabendo que são atribuições do Estado a fiscalização da Baía da Guanabara e da concessão à TRANSTUR. À noite, 30 pessoas ficaram feridas naquelas águas de ninguém. As empresas, além de não oferecerem a segurança necessária, abusam descaradamente do consumidor. Uma lástima!
Será que virei uma chata que só faz reclamar e denunciar? É cansativo, mas se continuarmos permissivos, em todos os sentidos, o Brasil não terá outro rumo a não ser piorar. Gritar sozinha é muito ruim e às vezes penso em ceder à tentação de me alienar e deitar eternamente em berço esplêndido, mas a consciência e a noção de responsabilidade não deixam. Não quero ser exemplo do ostracismo, da mediocridade, do deixa pra lá.
Na sexta-feira, estou exausta... Custo a desacelerar. A literatura me salva, graças a Deus! A cervejinha gelada, também.
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