quarta-feira, agosto 12, 2009

EXPLICAÇÃO DOS PÁSSSAROS (ANTÓNIO LOBO ANTUNES)



"Publicado em 1981, Explicação dos Pássaros é um rompimento com a trilogia sobre a guerra colonial em Angola com que se sagrou no mapa literário português. Não há mais as lembranças fantasmais dos cadáveres, a geografia sensual de Luanda crivada de violência, a incapacidade do ex-combatente em retornar ao mundo cotidiano anterior. Explicação avança sobre as agruras da vida conjugal. Rui, o narrador, amarga uma recente separação dolorosa e tenta reconstruir sua vida ao lado de uma nova mulher com quem se casou por um desejo de preencher sua solidão.

Ao contrário da imensa maioria dos romances de Antunes, essa é uma narrativa de personagens em movimento: Rui monologa enquanto avança com seu carro por cidades costeiras de Portugal. Está sensibilizado com a doença da mãe e evoca sua infância e sua vida enquanto reúne forças para pedir divórcio da esposa que não ama. O livro é um grande ritual de adeuses, e o desconforto crescente de Rui aponta apenas para um final possível. E trágico.

Como em outros livros de Antunes, a trama é pífia. As coisas não acontecem; o que acontece é o pensamento das personagens. Possuem uma fluência delirante, e há uma inegável vocação poética em Antunes. Em certos momentos, no entanto, as imagens aberrantes não ajudam muito a visualizar a narrativa. É como se a profusão de metáforas nublasse o enredo.

Ainda seriam necessários alguns romances para Antunes encontrar uma forma narrativa que adéqüe sua sensibilidade poética a uma plasticidade necessária para sua íntegra legibilidade. Antes de A Ordem Natural das Coisas (1992), muitos de seus romances flertavam com o hermetismo. É de se perguntar: de quê adianta um universo ficcional denso se o leitor não encontra nele um espaço mínimo para contemplá-lo?"

VINICIUS JATOBÁ - www.ala.nletras.com/livros/explicacao_dos_passaros.htm

Li a resenha e concordei com ela, por isso a transcrevi. Inicialmente, apaixonei-me por Lobo Antunes, ouvindo-o durante a FLIP e lendo suas inúmeras entrevistas. Quis, então, mergulhar em sua obra e comecei pela "Explicação dos pássaros". Realmente, as metáforas são belas, o problema é que são inúmeras. Os diálogos são repetitivos e quando achamos que algo irá acontecer, dá-se uma ruptura, uma volta ao passado, a voz de outra pessoa comentando assunto totalmente diferente, e tudo isso no mesmo parágrafo.

Lobo Antunes apresenta uma nova forma de escrever, de criar, fazer literatura e causar o tão cultuado estranhamento, mas de forma cansativa. É complicado externar um pensamento assim a respeito de um livro duplamente premiado, de autor festejado pelos leitores e agraciado pela crítica. Por isso, pretendo ler outro livro do António L.A., e também por estar inconformada com o fato de não ter sentido pela obra o mesmo que experimentei quanto ao seu criador.

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