domingo, abril 30, 2006

DOMINGO

Bateu um aperto no peito no final do dia. Tantas coisas... Horto do Fonseca às 10h da manhã (madrugada para mim), depois ajudei a arrumar a mudança da Denize para um apê na minha rua. Essa proximidade da chegada do João Gabriel (falta pouquíssimo!) e aquele barrigão entre as caixas com roupas, copos, etc. E eu lá no meio, vendo mamãe arrumar as cuecas do meu cunhado, bem dobradinhas. Roupa de cama para colocar no armário, nossa! Mudança é F!

A chegada de um bebê! A maternidade para a minha irmã. Eu vou ser tia de verdade pela primeira vez, mamãe será vovó pela terceira vez. Ritos de passagem! Crescimento para as mulheres da família com a vinda de um menino, ele que irá inaugurar a linhagem masculina da família Reis, nesta geração das filhas do João Carlos e netas do João Augusto.

Algo mexe comigo...

Fui para a cozinha preparar estrogonofe. Abri uma garrafa de vinho tinto. Coloquei um cd (Legião Urbana) e jantei com as minhas filhotas. André tá dopadão de remédio para a dor: joelho inchado.

Agora tô aqui no Antídoto e continuo tomando meu vinho, ouvindo músicas dos anos 80 - de propósito - pra morrer de saudades. Eu gostho!


"Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo".
Drummond

MIRAENCANTO
























CORAL DO MIRAFLORES NO ENCONTRO NITERÓI-ESPANHA,
NO HORTO DO FONSECA.
OS PAIS E A IRMÃ ESTIVERAM LÁ PARA VER A MAIS NOVA CANTORA DA FAMÍLIA: LARISSA, A CARA DO PAI E O JEITO DA MÃE!

AINDA BEM

Ainda bem
Que você vive comigo
Porque, se não
Como estaria essa vida?
Sei lá!
Nos dias frios em que nós estamos juntos
Nos abraçamos sob o nosso conforto de amar

Se há dores, tudo fica mais fácil
Seu rosto silencia e faz parar
As flores que me manda são fato do nosso
cuidado e entrega
Meus beijos sem os seus não daria
Os dias chegariam sem paixão
Meu corpo sem o seu, uma parte
Seria ao acaso e não sorte

Neste mundo de tantos anos
Entre tantos outros
Que sorte a nossa, heim?
Entre tantas paixões
Este encontro
Nós dois, este amor

Liminha/Vanessa da Mata

sábado, abril 29, 2006

O AMOR ANTIGO

O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem taízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mais pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

Drummond

29/04/2006 - 11 anos de casamento
Christiane e André

ENCONTRO NITERÓI - ESPANHA (CANTAREIRA)

ENCONTRO NITERÓI-ESPANHA (CANTAREIRA)






















sexta-feira, abril 28, 2006

A HORA DA ESTRELA

"Esse eu que é vós pois não agüento ser apenas mim, preciso dos outros para me manter de pé, tão tonto que sou, eu enviesado, enfim, que é que se há de fazer senão meditar para cair naquele vazio pleno que só se atinge com a meditação. Meditar não precisa de ter resultados: a meditação pode ter como fim apenas ela mesma. Eu medito sem palavras e sobre o nada. O que me atrapalha a vida é escrever."

"...todos nós somos um e quem não tem pobreza de dinheiro tem pobreza de espírito ou saudade por lhe faltar coisa mais preciosa que ouro - existe a quem falte o delicado essencial."


Clarice Lispector

Poesia Erótica em tradução de José Paulo Paes

Teta contra teta, apoiando meu peito sobre o dela,
uni meus lábios aos doces lábios de Antígona
e a carne posuiu a carne. Do resto nada digo:
dele somente a lâmpada foi testemunha.

Marco Argentário
Livro V, epigrama 128
DA ANTOLOGIA GREGA

CONTRA OS CONFIANTES

Pessoas que nos dão toda a sua confiança acreditam, com isso, ter direito à nossa. É um erro de raciocínio; dádivas não conferem direitos.

Nietzsche - Humano, demasiado humano

quarta-feira, abril 26, 2006

Hoje

A semana está pesada. Muito trabalho na PR. O legal foi a reunião para implementarmos o novo projeto com os "meninos" da FIA. Surgiu uma conversa boa com o pessoal de outras áreas, Gabi (jornalismo), Paf (Comunicação e uma vasta formação em cinema e literatura), Márcio (direito e sociologia), Léo (direito e artes plásticas), Fábio (direito) e Tânia (serviço social). Somos voluntários e temos uma pedreira pela frente. Sinto que nossos planos vão dar certo.

Quanto mais ouço o outro, percebo o quanto tenho a aprender... Que bom!

Notícia boa: recebemos mais livros para a biblioteca e vamos precisar de novas estantes. Tudo caminhando bem, graças a Deus!

Ah, o Léo visitou o Museu da Língua Portuguesa em Sampa. Fiquei com água na boca e nos olhos ao ouvi-lo contar sobre o que viu.

Até mais!

domingo, abril 23, 2006

DOM QUIXOTE - PORTINARI




















Ganhei um livro sobre o Dom Quixote com ilustrações do Portinari. É uma beleza, publicado pelo Tribunal de Justiça e pela Escola da Magistratura/RJ, com vários textos sobre os 400 anos da obra, sendo um deles do Ferreira Gullar.
Obrigada, Aglaé!


Soneto da Loucura

A minha casa pobre é rica de quimeras
E se vou sem destino a trovejar espantos,
Meu nome há de romper as mais nevoentas eras
Tal qual Pentapolim, o rei dos Guaramantas.

Rola em minha cabeça o tropel de batalhas
Jamais vistas no chão ou no mar ou no inferno.
Se da escura cozinha escapa o cheiro de alho,
O que nele recolho é olor da glória eterna.

Donzelas a salvar, há milhares na Terra
E eu parto e meu rocim, corisco, espada, grito,
Todo endireitando, herói de seda e ferro,

E não durmo, abrasado e janto apenas nuvens,
Na férvida obsessão de que enfim a bendita
Idade de Ouro e Sol baixe lá nas alturas.

Carlos Drummond de Andrade

Blog da Mami

Mamãe agora resolveu ter um blog. Apareçam por lá:
http://blogdaselma.blogspot.com

Pérola

- Larissa, eu fico mais linda que você porque sou uma mulher mais nova.
(Rafaela - 4 anos)

Obs: Larissa tem 7 anos.
Duas mulheres de verdade!

Reduzir, reutilizar, reciclar

























Larissa e Rafaela brincando de reciclar na casa da Vovó Selma.

sábado, abril 22, 2006

MUDANÇA DE COMPORTAMENTO

E aqui estou eu sozinho com o tempo
O tempo que você me pediu
Isso é orgulho do passado
Um presente para você
Uma delicada lembrança
Branca neve que nunca senti
Solidão me deixe forte
Talvez resolva meus problemas
Eu morreria por você
Na guerra ou na paz
Eu morreria por você
Sem saber como sou capaz
Mudanças de comportamento
Distância louca de mim mesmo
Vontade de sentir o passado
Presente para você.
EDGARD SCANDURRA

Estou só tentando...

Vivem me perguntando: como você consegue fazer tantas coisas? Trabalhar, fazer faculdade, monografia, cuidar das crianças, da casa, do marido, etc. Respondo que tenho ajuda, mas ainda assim, é cansativo, não sei como dou conta. Será que dou? Devo deixar furos em algum lugar. O resultado do trabalho no MPF pode não ficar como eu gostaria; deixo de ler o que sinto vontade; escrever, com calma, raramente. Só numa atividade faço questão de deixar o menor número de faltas possível: ser mãe! Aí o bicho pega, na hora de ajudar nos trabalhinhos de casa, de contar histórias - segurando aquelas mãozinhas - antes de dormir... Preciso desses momentos pra me sentir bem e o dia ficar completo. Não rola só culpa, mas é como se faltasse algo em mim.

Posso até não dar certo com o Direito, derrapar nessa história de faculdade, mas como mãe eu PRECISO acertar, ficar na média, não causar grandes danos às cabecinhas das minhas filhas. Isso é o que realmente importa. Vejo tantos maus resultados de criações ruins... Sinto medo.

Pra vida não tem ensaio, é ao vivo e a cores, mas bem que podia dar pra fazer um rascunho, passar um liquid paper em alguns momentos, dar uma olhadinha no futuro...

É, "tem que viver pra ver". Tô pagando.

Preciso, cada vez mais, de poesias...

Assisto, leio e vivo (de maneira indireta) muitas coisas ruins no trabalho. Tem sido pesado ver pessoas à beira da morte em face da ausência de medicamentos, por falta de vontade política e pelo "simples" fato de não terem comida. Não me contive e escrevi cartas aos jornais O Globo e O Fluminense, para tentar dar maior publicidade a algumas atrocidades enrustidas.

Cada vez me dói mais a falta de educação, no sentido de saber o mínimo para a expressão básica do pensamento. As pessoas não conseguem falar e entender a língua portuguesa, dita de forma
simples. O nível cultural do povo, no Rio de Janeiro, é o pior possível.

Li Graciliano Ramos, em Vidas Secas, e percebi no personagem Fabiano um pouco de cada um daqueles com os quais preciso lidar diariamente:

"Era bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. Estava preso por isso? Como era? Então mete-se um homem na cadeia porque ele não sabe falar direito? (...)
Não podia arrumar o que tinha no interior. Se pudesse..."

Fora isso, aquele acidente com o aerobarco da Transtur. Estou desde o dia 03 de fevereiro tentando uma providência junto ao Ministério Público Estadual, onde sequer fui atendida pelo Promotor de Justiça da Ouvidoria daquele órgão. Telefonei, enviei e-mails, alertei sobre o risco de acidentes e NADA foi feito. Liguei para a Capitania dos Portos e NADA. Na Secretaria de Transportes sequer atenderam o telefone. Por coincidência, no dia do acidente, tentei novamente o MPE e não consegui, então, protocolei minha representação no Ministério Público Federal, mesmo sabendo que são atribuições do Estado a fiscalização da Baía da Guanabara e da concessão à TRANSTUR. À noite, 30 pessoas ficaram feridas naquelas águas de ninguém. As empresas, além de não oferecerem a segurança necessária, abusam descaradamente do consumidor. Uma lástima!

Será que virei uma chata que só faz reclamar e denunciar? É cansativo, mas se continuarmos permissivos, em todos os sentidos, o Brasil não terá outro rumo a não ser piorar. Gritar sozinha é muito ruim e às vezes penso em ceder à tentação de me alienar e deitar eternamente em berço esplêndido, mas a consciência e a noção de responsabilidade não deixam. Não quero ser exemplo do ostracismo, da mediocridade, do deixa pra lá.

Na sexta-feira, estou exausta... Custo a desacelerar. A literatura me salva, graças a Deus! A cervejinha gelada, também.

GUARDAR

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele fique, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.
ANTONIO CÍCERO

Final-de-semana cheio de amigos





















O final-de-semana está rendendo... Ontem, almoçamos no Mercado São Pedro e depois fomos à casa do grande Declev, para o churrasco do pessoal do Mercês. Nossa, que saudade daquele povo que eu conheci quando tinha 9 anos de idade. Bateu nostalgia e resolvi ligar para vários amigos queridos, de épocas diferentes. À noite, recebi a visita do querido primo Alexandre.
Hoje: almoço na casa da Aglaé, nossa grande amiga e aniversariante.
Amanhã: só planos, depois eu conto...

terça-feira, abril 18, 2006

Notícias:

Passei o feriado da Páscoa em Iguaba, matando as saudades do lugar onde passei boa parte da minha infância e todas as férias da adolescência.

Notas excelentes no primeiro período da faculdade. Aguardando contato da Marcia Lisboa para dar o The End na monografia.

Livros, livros livros.... Meu amor pela palavra aumenta a cada dia. Como disse o Ziraldo, no mais recente número da Revista Língua Portuguesa: PÁ + LAVRA. Tudo de bom!

Até mais, pois o Antídoto ainda está em fase de testes. Aceito sugestões!

Grande Sertão: Veredas











Cada vez que releio meus sublinhados na obra do João, sinto vontade de publicar mais um post:

"Mas aqueles olhos eu beijei, e as faces, a boca. Adivinhava os cabelos. Cabelos que cortou com tesoura de prata... Cabelos que, no só ser, haviam de dar para baixo da cintura... E eu não sabia por que nome chamar; eu exclamei me doendo:
- Meu amor!..."


Foto: Parque Nacional Grande Sertão Veredas

João Guimarães Rosa


"... eu me, em mim, gemi: alma que perdeu o corpo.
Diadorim - eu queria ver - segurar com os olhos...
Os urros...
Como, de repente, não vi mais Diadorim! Naquilo, eu então pude, no corte da dôr: me mexi, mordi minha mão, de redoer, com ira de tudo... Subi os
abismos...

Diadorim tinha morrido - mil-vezes-mente - para sempre de mim; e eu sabia, e não queria saber, meus olhos marejaram."

NOVO ENDEREÇO

O Uol andou vacilando comigo, então, o melhor foi transferir o Antídoto para o Blogger. Casa nova, endereço novo para ele. Com o tempo, estará completamente adaptado a essa vida boa, gratuita.

Beijos da Kritz