quarta-feira, dezembro 22, 2010

TRAVESSURAS DA MENINA MÁ (V. LLOSA)

Terminei de ler "Travessuras da menina má" (V. Llosa) e adorei! A Chilenita me fez lembrar Madame Bovary (Flaubert) e Lavínia de "Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios" (M. Aquino). As três me trazem à mente "A Rosa" (Chico B.), pois essa canção tem tudo a ver com o papel aniquilador de cada uma e com a intensidade do amor do "bom menino", do Carlos e do Cauby, personagens que me deixaram saudades.
Personalidades fortes, homens apaixonados, traição e perdão. O amor é sexualmente transmissível! O livro do M. Aquino me arrancou algumas lágrimas, na última página, deixando em meu coração a pergunta: isso existe ou só cabe na ficção? Sofrimento demais e muita, muita paixão. Pensei... Existe, existe sim.

sábado, dezembro 11, 2010

CHRIS E ANDRÉ - CIRCUITO ADIDAS VERÃO. QUASE MORREMOS DE CALOR, MAS COMPLETAMOS A PROVA. 5.12.10

 
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DENIZE, VIVI, CACAU E ANDRÉ

 
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CHRIS E ANA CRISTINA

 
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ATERRO DO FLAMENGO - ENCONTRANDO OS AMIGOS

 
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CIRCUITO ADIDAS VERÃO - 5.12.10

 
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LARISSA, MINHA NADADORA MAIS VELHA, NA COMPETIÇÃO DA AQUAFISH - 4.12.10

 
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RAFAELA, MINHA NADADORA, NA COMPETIÇÃO DA AQUAFISH

 
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quarta-feira, dezembro 01, 2010

AZUL-CROVO (ADRIANA LISBOA)

Azul-Corvo, lançamento da escritora Adriana Lisboa pela Rocco (219 páginas), vem após a publicação de outros romances de igual importância, como Beijo de Colombina, Sinfonia e Branco e Rakushisha. A autora escreveu também a novela O coração às vezes para de bater, os contos de Caligrafias e livros infantis, como Língua de Trapo.

Em Azul-Corvo Adriana conta a história de Evangelina, a Vanja, que aos treze anos, após o falecimento da mãe, Suzana, parte para o Colorado a procura do seu pai biológico, Daniel. Para tanto, ela conta com a ajuda de Fernando, ex-marido da sua mãe e homem que a registrou, e de um simpático menino salvadorenho, Carlos.

Vanja parte em busca das suas origens. “Essa foi minha árvore genealógica até os treze anos de idade. Um homem e quatro mulheres em três gerações. Aritmética esquisita, amarrada como lenços coloridos dentro da cartola de um mágico. Uma árvore genealógica a qual faltavam raízes e que em lugar de certos galhos tinha apenas gestos meio vagos, indicações, sugestões, deixa-pra-lás.”

Ao chegar aos Estados Unidos, Vanja trava contato com Fernando e suas memórias, começa a conhecer a história recente do Brasil, a época da ditadura militar, do PC do B e das ações dos guerrilheiros no Araguaia. O romance é entremeado pelos momentos que seu pai legal viveu na China e no Pará, enfrentando o Exército Brasileiro pela causa comunista. “Olho para os meus braços sem cicatrizes e penso cortes e penso choques elétricos. E me pergunto como as vidas viradas ao avesso reencontram o seu direito.”

Inexiste uma linearidade, o passado ressurge a cada instante. O presente vem à tona e resta uma curiosidade acerca daquele momento incompleto. O que teria acontecido em seguida? A narradora volta e complementa o texto relativo ao período iniciado anteriormente, saciando o leitor.

Para Vanja, “O futuro era (e é, e sempre será) móvel, fruto de bifurcações em progressão geométrica, e fazer planos, (...) um cacoete de constrangedora inutilidade”.

Carlos acompanha Vanja em sua trajetória em busca do pai, e vai amadurecendo, principalmente com a experiência de uma viagem que ambos fazem com Fernando ao Novo México. Ela observa: “Naquele momento, ele cresceu um pouco mais, confirmando minha teoria de que era assim que as coisas se davam, em surtos, em espasmos, e não numa continuidade aritmética. Todas as metáforas para o crescimento – degraus de uma escada, estradas com curvas aqui e ali – eram pura balela. Tudo acontecia mesmo aos trancos.”

Outras personagens vão surgindo e desaparecendo durante a narrativa (“Éramos um mundo de compatibilidades, estávamos irmanados, nos equivalíamos, nos compensávamos.”), para tecer a trama, preencher e costurar a história a partir de momentos vivenciados pela mãe de Vanja, levando-a, muitas vezes, a reviver sua primeira infância. “É preciso tapar os buracos da memória com a estopa que se dispõe”.

Adriana pode ser considerada uma narradora pós-moderna, pois ao escrever não relata uma experiência que tenha vivenciado - proporcionando um intercâmbio de experiências - ou age com o objetivo de falar de maneira exemplar ao seu leitor. Não tem a visão de um jornalista que tenha assistido aos fatos, nem a do romancista que escreve de maneira paradigmática. Ela o faz puramente como ficcionista, dando autenticidade a uma ação que não tem respaldo na vivência, mas advém da verossimilhança. Ela vê o “real” e o “autêntico” como construções da linguagem.

Com a orelha de Luiz Ruffato - e segundo ele – o livro termina quando a vida de Vanja realmente começa, ou seja, quando ela passa a ocupar um espaço próprio no mundo.

Azul-Corvo, cor das conchas que Vanja gostava de pegar na praia de Copacabana.


CHRISTIANE REIS

terça-feira, novembro 23, 2010

LANÇAMENTO DO LIVRO SOBRE JOÃO CÂNDIDO E A REVOLTA DA CHIBATA NA LIVRARIA DA TRAVESSA - OUVIDOR - 22/11/2010

O Mestre Sala dos Mares

(João Bosco / Aldir Blanc)
Composição original

Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo marinheiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o almirante negro
Tinha a dignidade de um mestre sala
E ao navegar pelo mar com seu bloco de fragatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam das costas
dos negros pelas pontas das chibatas
Inundando o coração de toda tripulação
Que a exemplo do marinheiro gritava então
Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o almirante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais
Mas faz muito tempo

quinta-feira, novembro 18, 2010

LEITURA ATUAL 1: AZUL-CORVO (ADRIANA LISBOA)


"Um leitor pode compreender Azul-corvo como uma história de amor e devoção Outro, no entanto, pode entender que esse é apenas o verniz que encobre uma corajosa reflexão sobre o passado recente do Brasil. Outro ainda pode concluir que esta é a história de Evangelina, fruto da relação extemporânea de Suzana com um americano, já que é ela, aos 22 anos, quem conduz a narrativa. Esses e outros personagens, todos em trânsito, se tornam inesquecíveis, magnificamente pintados pela escrita sóbria, elegante e segura que caracteriza e identifica Adriana Lisboa. Um romance sobre pertencimento em tempos de diáspora moderna, onde tudo parece frágil, e os sentimentos movediços."

LEITURA ATUAL 2: MEMORIAL DE AIRES



"Amargo e sarcástico observador dos costumes e da condição humana, Machado de Assis produziu algumas obras-primas da literatura brasileira. Realista, ele não se preocupava em reproduzir o real. Transformava a realidade em arte. Do espírito exageradamente crítico, tinha uma visão trágica da vida. Memorial de Aires (1908) é um de seus últimos romances."

RACE DAY

Dia de Vênus embeleza ainda mais o Rio
Alegria e esporte no feriado com mais de 4 mil corredoras no Aterro do Flamengo

texto Cristiane Assis, do Rio de Janeiro
fotos Dhani Borges

As borboletas estavam soltas na capital carioca neste feriado de 15 de novembro. Tanta alegria e leveza coloriram o dia nublado e contagiaram as mais de 4 mil corredoras que participaram da segunda etapa carioca do Circuito Vênus em 2010 nos percursos de 5 km e 10 km pelas ruas da região do Aterro do Flamengo.

Além da corrida, o evento ainda é misto de yoga, beleza, massagens e compras, em dois dias de puro cuidado e boas energias exclusivas para elas. “O diferencial é que o Circuito Vênus é um espetáculo em si. Já participei de outras etapas e tenho minha própria estratégia. Completo os 5 km em cerca de 25 minutos e depois corro ainda mais para chegar ao lounge e voltar aos cuidados. Estou louca para fazer uma massagem nos pés”, descreveu Caroline Lemos, 33, que treina há dois anos e veio de Niterói apenas para participar do evento.

Assim como Caroline, Érica Moura, 28, completou os 5 km em 35 minutos e depois já estava no espaço da Revista W Run tirando uma foto com um sorriso de missão cumprida. “É a minha primeira prova e achei que ia caminhar o percurso todo. Quando foi dada a largada estava tão animada que deixei as sete amigas que vieram comigo para trás”. Ela destaca que se surpreendeu com a estrutura do evento. “Não esperava tantos mimos, adorei! Começando pelo kit com tantos produtos, a camiseta linda, a medalha de cristal e os lanches”.

Beleza e cuidados na Cidade Maravilhosa
O dia começou com lanchinhos saudáveis de pão integral da Wickbold e sorvetes Yogo, lançamento da Molico. As corredoras iam chegando, comendo e se preparando para a prova. Muitas estavam concentradas e faziam um alongamento caprichado no espaço da Unimed.

Outras, como as irmãs Cristiane e Denise Reis, de 40 e 38 anos, aproveitavam o tempinho disponível antes da largada para se preparar de outra forma, escolhendo acessórios na loja da Nike. “Compramos viseiras, running skirts e outras coisinhas. Afinal, mulher adora comprar, não é?”, brincou Cristiane. E se há outra coisa que mulher adora é sentir-se bonita. Por isso, o espaço dedicado a quick make-up da Avon também era disputado. Enquanto estava sendo maquiada, Luciana Dias de Souza, 32, resumiu como a maioria das corredoras se sentia ao receber tantos mimos: “Aqui tudo estimula nosso bem-estar. É a minha primeira vez aqui, e estou adorando”.

Diretamente da maquiagem, muitas iam tirar fotos de recordação nos espaços da Honda e da Revista W Run. Mas, calma aí, e a corrida? Com tantas atividades imperdíveis, alguém poderia até pensar que o foco não era a superação dos limites no esporte. Puro engano. As mulheres estavam comprometidas a balancearem bem o tempo. Às 8h todas estavam na animada largada.

Elisabete Vidal de Oliveira, 48, participou dos 10 km e conta que aproveitou os dois dias de evento para curtir bastante a infra-estrutura da prova. “Estou treinando para uma maratona. Ontem fiz um treino de 30 km de manhã depois vim para cá, onde pude degustar de vários alimentos e fazer massagens”, lembra a atleta, que corre há oito anos.

Elite cor-de-rosa
As vencedoras dos 5 km e 10 km foram Gisele Lisboa Oliveira Ribeiro e Raimunda Maria Brito da Fonseca, respectivamente. Apesar de veteranas nos pódios, as duas não poupavam elogios à prova ao receberem os troféus repletos de borboletas, a coroa de flores e presentes especiais.

“Adorei ainda mais esta experiência. Gosto de participar de corridas só para mulheres”, ressalta Gisele, corredora assídua do evento. “Estou fechando o ano com chave de ouro com essa vitória hoje. Dedico a minha prova ao meu marido que é atleta e foi operado”, se emociona.

CIRCUITO VÊNUS - 14 e 15/11/2010


DENIZE E CACAU

Cacau aproveitando o shiatsu - 14/11/2010

Rosana e Maria Eduarda aproveitando a preparação.


14/11/10

IRMÃS CORREDORAS!

CIRCUITO VÊNUS - 15/11/2010

sábado, outubro 30, 2010

Transbordando

Deitada na rede, sentindo o cheiro de feijão vindo da casa vizinha, onde alguém cantarola enquanto prepara o almoço. Ouço o som do senhor dos ventos,feito de bambu, e fecho os olhos. O livro "Carvoeirinhos" do Roger Melo nas mãos. Volto algumas páginas porque a concentração é nenhuma. Algumas músicas lentas dos anos 80 se misturam  ao canto dos pássaros. Enquanto isso, ele, desde cedo, cuida do nosso jardim. Volto, repentinamente à infância, lembro com saudades o primo querido e meus olhos transbordam. Recebo um beijo molhado da caçula e meu coração sorri novamente. Vida.

domingo, outubro 10, 2010

CIRCUITO ADIDAS - PRIMAVERA 10/10/10

Foi a minha primeira participação numa prova de corrida. Já tinha ouvido falar muito bem, mas não tinha a menor noção do quanto poderia ser legal, uma verdadeira celebração à saúde. Minha preparação foi curta, mas deu pro gasto. Corri e caminhei, no meu ritmo, sem problemas, junto a atletas, idosos, mulheres grávidas e todo o tipo de participantes. A largada foi emocionante, sem qualquer indício de tumulto, em meio a cerca de 15.000 pessoas. A organização, perfeita! Pegamos os chips para os tênis, sem fila e o mesmo se deu com o guarda-volumes. Durante a prova de 5 Km no Aterro do Flamengo, o céu se abriu, as nuvens desapareceram e a bela vista do Pão de Açúcar e da Baía da Guanabara constituíram um prazer a parte. Quando vi a marca do primeiro quilômetro percorrido, fiquei feliz e depois, nos últimos 500m, também. Completei a prova! Uma vitória para uma sedentária e cervejeira. Adorei! Peguei a toalhinha amarela, frutas, energético, iogurte e fui procurar minha turma. André, Denize, Viviane e o pessoal da academia do Aldair já haviam experimentado, mas para mim, foi estreia. Senti o gostinho e já estou pensando em me inscrever para a Vênus, só com mulheres. Valeu!

CIRCUITO ADIDAS - PRIMAVERA 10/10/10

CIRCUITO ADIDAS - PRIMAVERA 10/10/10

CIRCUITO ADIDAS - PRIMAVERA 10/10/10

 
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CIRCUITO ADIDAS - PRIMAVERA - 10/10/10

 
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sexta-feira, outubro 01, 2010

SABER DESISTIR É UMA ARTE

JB ONLINE
Saber desistir é uma arte
30/09/2010 - 21:37 | Enviado por: FDannemann

Minha vida já deu guinadas tão inacreditáveis que passei a respeitar um pouco mais os roteiros rocambolescos das novelas. E, quanto mais me abro às mudanças de rumo, às possibilidades (ainda que remotas) e até mesmo aos sonhos impossíveis, percebo que novas guinadas podem vir a acontecer __ou a murchar__ como se fossem ondas no mar. Inclusive porque desistir é uma arte e faz parte da vida tanto quanto lutar.

Acho que é uma conseqüência natural: a gente se abre pra vida, a vida vem.

Houve uma época em que eu tinha todo o futuro esquematizado na cabeça, mas o tempo foi passando enquanto a realidade parecia me empurrar para outros caminhos, porque por mais que eu me esforçasse, aquele roteiro que eu tinha traçado para mim estava longe de se concretizar. Um dia, entendi que ela, a vida, tem mais imaginação que eu. E aceitei que precisava aprender a “deixar pra trás”.

Amizades infrutíferas, sonhos ou projetos que não se realizam, amores que não evoluem, carreiras que não alavancam, convivências impossíveis, promessas que não se concretizam...

Aprenda a deixar para trás. Aceite que, talvez, seu destino esteja em outro lugar... sem deixar-se cair na armadilha de crer no "destino traçado", porque aí se esconde o perigo de, simplesmente, não agir, não buscar, não desistir, não partir pra outra. Mas é preciso reconhecer que, da mesma maneira que algumas coisas parecem fazer uma força danada para acontecer, outras... não acontecem! Em alguns casos, portanto, desistir pode ser uma atitude sábia, em vez de covarde. E que exige muita força, porque desistir dói.

Mas entenda que o desapego, muitas vezes, é a melhor alternativa, inclusive para que a vida flua, em vez de tornar-se cada vez mais estéril ou frustrante. Deixar para trás nos liberta e nos abre portas inimagináveis para destinos que, antes, nos pareceriam impossíveis.

Aprenda a seguir adiante, e com as mãos vazias, para que possa enchê-las de novo...

Novas amizades, nova carreira, novos sonhos, relacionamentos, oportunidades e todo o resto que faz a vida ser maravilhosa estão ao nosso alcance por toda parte, mas às vezes a gente precisa, antes de estender a mão e agarrar o “novo”, fazer uma reforma íntima e ajustar o foco do nosso olhar sobre nós mesmos: abrir o coração e a vontade para receber o dia e o que ele trouxer na bagagem e usar a inteligência para entender que, para mudar as coisas e o rumo dos acontecimentos, temos antes que mudar a nossa cabeça e desprogramar aquelas ações e reações destrutivas que trazemos gravadas em nós, sem que nos demos conta:

“Eu não mereço”. “É demais pra mim”. “Não pode ser verdade”. “Ah, se eu pudesse...” “Não consigo”. “Felicidade é para os outros”. “Fulano é fdp”. “A vida é dura”. “O ser humano é mau”. “Desconfie sempre”.

Temos que nos desarmar porque não estamos em combate com a vida: ela de um lado no ringue, e nós do outro, lutando para impor nossa vontade diante de um inimigo perigoso de modo que não precisemos desistir de nada.

Sei que não é fácil mudar nosso olhar e nosso comportamento, ou deixar de brigar com a vida e com as pessoas. Mas só assim conseguimos de fato abrir mão do que não frutifica, por mais que nos pareça impossível, e mudar o plantio, cultivar outro futuro.

Viver um namoro com o tempo, com o mundo. Deixar pra trás o lema de que a vida é uma batalha.

A gente tem que abraçar a vida e fazer amor com ela.

domingo, setembro 26, 2010

As linguagens de Fabrício Carpinejar

O cronista e poeta Fabrício Carpinejar tem dois novos rebentos nas livrarias: Mulher perdigueira – crônicas e www.twitter.com/carpinejar, ambos editados pela Bertrand Brasil. É interessante observar não só os gêneros pelos quais passeia, flanando da prosa à poesia, como também entre as linguagens utilizadas na internet, por meio dos seus blogues, onde associa texto e imagem -http://www.fabriciocarpinejar.blogger.com.br/, http://carpinejar.blogspot.com/, http://www.bloglog.globo.com/fabriciocarpinejar (Consultório poético) e www.rolocompressor.zip.net (Futebol é literatura) - ou no microblogue twitter, limitado a 140 caracteres por post, no site http://www.carpinejar.com.br.

O autor é escritor, jornalista, professor universitário e autor de dezesseis livros. Declara-se um “ouvinte declarado da chuva e um leitor apaixonado do sol”. Para falar das suas linguagens nos deteremos aos espaços da web, ao livro de poesias Como no céu/Livro de visitas (2005), além dos seus lançamentos.

Em Mulher perdigueira o autor escreve com sensualidade e é minimalista, no sentido de ampliar a essência do que é realmente importante, ligando-se aos detalhes dos relacionamentos amorosos, o que aparece nitidamente na crônica Pratinho do vaso, quando diz “Eu me sinto essencial lembrando do desnecessário. Ouvindo o suspiro do vento (...) . O pratinho do vaso no relacionamento está em saber o xampu que ela usa, o restaurante preferido, o doce da infância (...). O pratinho do vaso é o que fica da tempestade. Não tinha como explicar ao vendedor. Ele é que conhece as flores”.

O livro de poesias lançado em 2005 pode ser visto como dois, ou seja, com a lombada virada para o lado esquerdo é Como no céu, com 120 páginas. Já com a lombada do lado direito é Livro de visitas, com 104 páginas. O primeiro tem a orelha do Millôr Fernandes e o segundo, de Manoel da Costa Pinto. Carpinejar não tem medo de ser autobiográfico. Alonga-se em alguns poemas, outros são como haicais. Nessa obra há vários que poderiam ser twittados, diante da agudeza e do número de palavras que reverberam, permanecem em nossas mentes. “Sou muito dividido/para me reunir no domingo/ em família”.

No blog Consultório poético, Fabrício recebe e responde e-mails com dúvidas amorosas, comentando relacionamentos. A partir dessa faceta que foge ao psicologismo, arremessa palavras à tela do computador e é enfático: “Em todo conto de fadas existe uma bruxa. Não é possível expurgá-la do nosso cotidiano. Se o encontro fosse para amanhã, tudo bem, mas cinco anos é o mesmo que planejar a aposentadoria”.

No blogue Rolo compressor, Carpinejar ataca de cronista esportivo: “Teve sangue, expulsão, susto no início, touca de natação, virada histórica. A noite de quarta (18/8) contou com o sangramento do crepúsculo que avançou ao raiar do dia. Uma glória centenária arrebentou a garganta de mais de 50 mil fieis no Beira-Rio e concedeu a Celso Roth o primeiro título de expressão em sua carreira (repetindo Abel Braga)”, comentando o jogo que deu ao Inter a Taça Libertadores da América 2010.

Já no twitter, Carpinejar é um frasista excepcional. Não esqueçamos do limitado número de caracteres. No entanto, ele acerta o alvo com apenas uma bala, a única de que dispõe no tambor da sua pistola. Impossível fazer uso de uma metralhadora, então ele dispara: “Literatura é educar para o avesso. Quando educa para o conhecido, já é sermão” ou “O Twitter é um torpedo que a gente manda a si mesmo. E vai respondendo”. Clica tweet e compartilha pensamentos com seus folowers.

Vale a pena acompanhar esse escritor, apreciando suas diversas formas de escrever, a linguagem variada que se adequa ao meio de propagação, seja na web ou nos livros. Não é à toa que ele já tem 62.577 seguidores no twitter e 3.169 visitantes no seu blogue mais recente (blogspot), e isso apenas por enquanto, já que os números aumentam diariamente. “Liberdade na vida é ter um amor para se prender”.

Christiane Reis
Estou aguardando o transfer para o aeroporto. Lembrei-me do bar que resolvi conhecer em Palermo Viejo: Mundo Bizarro, muito mencionado por F. Corsaletti em Golpe de ar. Foi um susto, o ambiente todo vermelho, rock pesado e techno tocando, a garçonete com cabelos tipo moicano, além de cabeças de veados presas na parede. Mas o que se poderia esperar a partir do nome? Tomamos dois chopes, comemos nachos e pedimos a conta. As pessoas que chegavam tinham um jeito muito diferente do nosso... Saímos batidos para a Praça J. Cortazar ou Serrano, como chamam por aqui. De duas uma: o bar era realmente bizarro ou estamos ficando velhos.

quarta-feira, setembro 01, 2010

GOLPE DE AR (FABRÍCIO CORSALETTI)




EM BUSCA DE AR LIVRE

Cristiane Brasileiro*

Luiz Fernando Medeiros de Carvalho*


Golpe de ar, novo livro de ficção de Fabrício Corsaletti, Editora 34, confirma a singularidade desse escritor. Experimentando vários gêneros, da poesia aos contos e agora ao romance, sua voz também aparece em livros para crianças e letras de música. Pois também essa atividade profusa, assim como a personalidade nela encarnada, se encontram no novo livro, onde aparecem concentrados procedimentos anteriores - mas agora maturados e reunidos num só corpo.

Assim, no romance estão presentes o clima geral de turma jovem reunida que emanava dos contos de King Kong e cervejas, assim como o passo alternadamente distenso e abrupto, a prática de descobrir a intensidade em meio a detalhes aparentemente anódinos, o registro de tempos em que quase nada acontece e no entanto de repente a carne se vê marcada a ferro e fogo. Também reaparece o despojamento refinado e comovido de Estudos para o seu corpo, e mesmo algo do olho sempre aberto e ágil de Zôo.

Vejamos: a proposta dos primeiros capítulos do livro é retomar a lembrança de alguns meses de imersão em Buenos Aires para registrar “aquelas horas em que você cede lugar a algo que está fora de você e é a própria viagem”. Nesse contexto é que o narrador – como o autor, também um jovem poeta nascido em 1978 – funciona como anfitrião e guia para outros brasileiros e, ainda mais especialmente, para uma turma de moças/musas/ninfas com idade em torno de 19 anos, “meninas inacreditáveis” criadas à base de “muito Danoninho e muita Folha de São Paulo”.

Quase à maneira de um guia turístico da cidade, somos apresentados ao longo da narrativa a um sem número de bares, restaurantes, praças e até livrarias. Ritualmente embebedando-se a cada noite e voltando brevemente à tona no dia seguinte, o narrador hospeda as meninas na sua casa vendo-se então, por um lado, “muito próximo da felicidade”, e por outro ainda “pouco à vontade com aqueles de quem mais gostaria de ser íntimo”. Cansado de sustentar qualquer identidade, ele segue resoluto e aleatório, buscando qualquer coisa que o ajudasse a não esquecer que “estava vivo mas um dia estaria morto”, e que o impedisse de se acostumar “com o que quer que fosse”. Ecôa, nesse sentido, um tanto do andarilho bêbado e iluminado de Rimbaud, assim como do projeto fundamental e impossível formulado por Oswald de Andrade na alvorada da nossa poesia modernista: “Ver com olhos livres”. Não por acaso o narrador encontra, nessa busca, um poema.

Mas não só. Toda essa leveza sólida de “rocha que alguém tivesse desenhado numa janela” ganha outra dimensão no rapaz que fica “bancando o descompromissado”. Desinteressado de uma aproximação mais visível com rodas literárias na cidade onde pousou e fincou o pé, é no entanto a própria poesia o astro em torno do qual o narrador se move através de trajetórias sinuosas. Nesse sentido, a narrativa de Corsaletti é, também, um romance de formação, no qual o narrador aprende o que lhe será crucial ao mesmo tempo em que abre as portas pra que o leitor faça o mesmo, através dele.

E essa aprendizagem se dá menos até pelo encontro com um poema específico que, no entanto, concentra e redireciona a ação do livro, produzindo a energia necessária para a entrega amorosa. Acontece muito mais, de fato, pela experimentação concreta do que constitui o cerne da linguagem poética: uma prática de se colocar atentamente “à espera de tudo”, entre o mais orgânico e o mais impalpável, oscilando entre a graça da dissolução de si e o imperativo da escolha de cada gesto, entre a aceitação da deriva e a capacidade de assumir um ângulo concreto a partir do qual “um amontoado de ecos fora do apartamento” por algum instante imenso se reorganiza - e o que é longamente desejado enfim acontece, sempre imprevisivelmente.


* Professora de Literatura na Unesa e Designer Instrucional do Cederj.

* Professor Titular de Literatura Brasileira da UFF e do Mestrado em Letras da Unincor.

quarta-feira, agosto 18, 2010

STJunior (post retirado do blog Direito das Famílias - http://direitosdasfamilias.blogspot.com)

STJunior: está no ar o site do STJ para os pequenos cidadãos
Pensão alimentícia, matrícula escolar, guarda, adoção, reconhecimento de paternidade... assuntos que envolvem crianças e adolescentes e são constantemente analisados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A partir desta quarta-feira (18), os pequenos cidadãos vão deixar de ser apenas partes interessadas nos processos que chegam aqui. Eles passam a ter um canal de comunicação para entender o mundo do Direito: é o STJunior (www.stjunior.stj.jus.br), o site infantojuvenil do Tribunal da Cidadania. O STJ é o primeiro tribunal superior a criar uma página na internet totalmente voltada para esse público. (clique no título e acesse o site)
O STJunior foi projetado não apenas para traduzir a linguagem jurídica para crianças e adolescentes, mas também para que elas compreendam o papel da Justiça nas relações da sociedade moderna. Com a ajuda de seis divertidos personagens e em formato de histórias em quadrinhos, o site explica o trabalho do STJ e a importância daqueles que fazem com que o Judiciário cumpra sua função de interpretar e aplicar as leis.
A ideia do STJunior partiu de uma servidora da Secretaria de Comunicação Social, unidade que coordenou a implementação do projeto. Com o apoio das Secretarias de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Documentação, o site foi desenvolvido dentro do próprio Tribunal, graças à dedicação de uma equipe de vinte pessoas, entre servidores, terceirizados e estagiários. Ilustrações, textos, animações, layouts, tudo foi pensado e executado por profissionais que atuam no STJ.
Com um texto despojado e ao mesmo tempo atento aos detalhes, os personagens Toguinha, Virtus, Webdoc, Mutatis, Judi e Caliandra guiam os pequenos internautas em uma viagem pelo mundo jurídico. As aventuras se tornam ainda mais vibrantes com as cores vivas e o design moderno do site.
O STJunior conta com seis links. No menu “STJ”, as crianças vão aprender sobre justiça e cidadania, conhecer a principal atividade do Tribunal e o projeto de virtualização (transformação dos processos em papel para o meio eletrônico). O link “Turma da Justiça” foi idealizado para mostrar as diferenças entre o trabalho do magistrado, do advogado, do defensor público e do procurador. No “Planeta Gaia”, a garotada vai se familiarizar com os projetos socioeducativos e socioambientais do Tribunal.
Os pequenos mais antenados e até mesmo os desligados têm a providencial ajuda de “Um Outro Mundo”: o dicionário do STJunior. Também há espaço para quem tiver dúvidas ou sugestões, nesse caso é só acessar o “Conexão STJunior” para entrar em contato com a equipe do site. E, por fim, o link “Cuca Fresca” vai entreter crianças, adolescentes e, até mesmo adultos, com atividades lúdicas e educativas.

retirado do site do STJ

(Foto retirada do site. Participação do MVB na Flip)


"A leitura literária é um direito de todos e que ainda não está escrito. O sujeito anseia por conhecimentos e possui a necessidade de estender suas intuições criadoras aos espaços em que convive. Compreendendo a literatura como capaz de abrir um diálogo subjetivo entre o leitor e a obra, entre o vivido e o sonhado, entre o conhecido e o ainda por conhecer; considerando que este diálogo das diferenças . inerente à literatura . nos confirma como redes de relações; reconhecendo que a maleabilidade do pensamento concorre para a construção de novos desafios para a sociedade; afirmando que a literatura, pela sua configuração, acolhe a todos e concorre para o exercício de um pensamento crítico, ágil e inventivo; compreendendo que a metáfora literária abriga as experiências do leitor e não ignora suas singularidades, que as instituições em pauta confirmam como essencial para o País a concretização de tal projeto".

MOVIMENTO POR UM BRASIL LITERÁRIO - www.brasilliterario.org.br


Belo Horizonte, 16 de dezembro de 2009

Hoje, me vi pensando como seria viver em um país de leitores literários. Pode ser apenas um sonho, mas estaríamos em um lugar em que a tolerância seria melhor exercida. Praticar a tolerância é abrigar, com respeito, as divergências, atitude só viável quando estamos em liberdade. Desconfio que, com tolerância, conviver com as diferenças torna-se em encantamento. A escrita literária se configura quando o escritor rompe com o cotidiano da linguagem e deixa vir à tona toda sua diferença – e sem preconceitos. São antigas as questões que nos afligem: é o medo da morte, do abandono, da perda, do desencontro, da solidão, desejo de amar e ser amado. E, nas pausas estabelecidas entre essas nossas faltas, carregamos grande vocação para a felicidade. O texto literário não nasce desacompanhado destes incômodos que suportamos vida afora. Mas temos o desejo de tratá-los com a elegância que a dignidade da consciência nos confere.

A leitura literária, a mim me parece, promove em nós um desejo delicado de ver democratizada a razão. Passamos a escutar e compreender que o singular de cada um – homens e mulheres – é que determina sua forma de relação. Todo sujeito guarda bem dentro de si um outro mundo possível. Pela leitura literária esse anseio ganha corpo. É com esse universo secreto que a palavra literária quer travar a sua conversa. O texto literário nos chega sempre vestido de novas vestes para inaugurar este diálogo, e, ainda que sobre truncadas escolhas, também com muitas aberturas para diversas reflexões. E tudo a literatura realiza, de maneira intransferível, e segundo a experiência pessoal de cada leitor. Isto se faz claro quando diante de um texto nos confidenciamos: "ele falou antes de mim", ou "ele adivinhou o que eu queria dizer".

O texto literário não ignora a metáfora. Reconhece sua força e possibilidade de acolher as diferenças. As metáforas tanto velam o que o autor tem a dizer como revelam os leitores diante de si mesmo. Duas faces tem, pois, a palavra literária e são elas que permitem ao leitor uma escolha. No texto literário autor e leitor se somam e uma terceira obra, que jamais será editada, se manifesta. A literatura, por dar a voz ao leitor, concorre para a sua autonomia. Outorga-lhe o direito de escolher o seu próprio destino. Por ser assim, a leitura literária cria uma relação de delicadeza entre homens e mulheres.

Uma sociedade delicada luta pela igualdade dos direitos, repudia as injustiças, despreza os privilégios, rejeita a corrupção, confirma a liberdade como um direito que nascemos com ele. Para tanto, a literatura propõe novos discernimentos, opções mais críticas, alternativas criativas e confia no nosso poder de reinvenção. Pela leitura conferimos que a criatividade é inerente a todos nós. Pela leitura literária nos descobrimos capazes também de sonhar com outras realidades. Daí, compreender, com lucidez, que a metáfora, tão recorrente nos textos literários, é também uma figura política.

Quando pensamos em um Brasil Literário é por reconhecer o poder da literatura e sua função sensibilizadora e alteradora. Mas é preciso tomar cuidados. Numa sociedade consumista e sedutora, muitos são leitores para consumo externo. Lêem para garantir o poder, fazem da leitura um objeto de sedução. É preciso pensar o Brasil Literário com aquele leitor capaz de abrir-se para que a palavra literária se torne encarnada e que passe primeiro pelo consumo interno para, só depois, tornar-se ação.

O Brasil Literário pode, em princípio, parecer uma utopia, mas por que não buscar realizá-la?

Com meu abraço, sempre,

Bartolomeu Campos de Queirós
Movimento por um Brasil literário

terça-feira, agosto 17, 2010

REVISTA PESSOA, LANÇADA NA BIENAL DO LIVRO DE SÃO PAULO.

UM ANGOLANO

“A língua portuguesa é um troféu de guerra”
Luandino Vieira


A poetisa portuguesa
Sophia de Mello Breyner
gostava de saborear
uma a uma
todas as sílabas
do português do Brasil.

Estou a vê-la:
suave e discreta,
debruçada sobre a varanda do tempo,
o olhar estendendo-se com o mar
e a memória,
deliciando-se comovida
com o sol despudorado
ardendo
nas vogais abertas da língua,
violentando com doçura
os surdos limites
das consoantes
e ampliando-os
para lá da História.

Mas saberia ela
quem rasgou esses limites,
com o seu sangue,
a sua resistência
e a sua música?

A libertação da língua portuguesa
foi gerada nos porões
dos navios negreiros
pelos homens sofridos que,
estranhamente,
nunca deixaram de cantar,
em todas as línguas que conheciam
ou criaram
durante a tenebrosa travessia
do mar sem fim.

Desde o nosso encontro inicial,
essa língua, arrogante e
insensatamente,
foi usada contra nós:
mas nós derrotámo-la
e fizemos dela
um instrumento
para a nossa própria liberdade.

Os antigos donos da língua
pensaram, durante séculos,
que nos apagariam da sua culpada consciência
com o seu idioma brutal,
duro,
fechado sobre si mesmo,
como se nele quisessem encerrar
para todo o sempre
os inacreditáveis mundos
que se abriam à sua frente.

Esses mundos, porém,
eram demasiado vastos
para caberem nessa língua envergonhada
e esquizofrénica.

Era preciso traçar-lhe
novos horizontes.

Primeiro, então, abrimos
de par em par
as camadas dessa língua
e iluminamo-la com a nossa dor;
depois demos-lhe vida,
com a nossa alegria
e os nossos ritmos.

Nós libertámos a língua portuguesa
das amarras da opressão.

Por isso, hoje,
podemos falar todos
uns com os outros,
nessa nova língua
aberta, ensolarada e sem pecado
que a poetisa portuguesa
Sophia de Mello Breyner
julgou ter descoberto
no Brasil,
mas que um poeta angolano
reivindica
como um troféu de luta,
identidade
e criação.

quarta-feira, agosto 04, 2010

PADRÃO DOS DESCOBRIMENTOS - LISBOA - PORTUGAL

PORTUGAL

A viagem a Portugal começou em abril, com a escolha do roteiro, cotação em agências de turismo e, depois de tudo acertado, com o pé no avião da TAP, restava-me sonhar e imaginar cada detalhe, os lugares que seriam visitados e o que iria na mala (câmeras fotográficas, principalmente).

As crianças pintaram mapas e a bandeira de Portugal. Ajudaram a montar o roteiro de forma mais detalhada e para isso navegaram na internet pela terra de Vasco da Gama e disseram que não abririam mão do Oceanário e do Zoológico de Lisboa. Partiram pelo Google Earth e pelo Via Michelin. Aprenderam rapidinho.

Os mapas ficaram por conta do André, mas poucos dias antes de partirmos, ele comprou o tom-tom, GPS que foi fundamental para o sucesso da nossa viagem, pois pegamos o carro em Porto e fomos para Santiago de Compostela, Coimbra e Lisboa, parando em outras pequenas cidades e seus monumentais castelos, sem maiores problemas.

Caminhávamos durante todo o dia, até às 20h (aproximadamente). Tomávamos um banho no hotel, com direito a meia hora de descanso e pé na rua novamente, para jantarmos e conhecermos um pouco mais de cada cidade. Foi cansativo, mas valeu a pena.

Porto tem a Ribeira, os ares do Douro e um sem número de bares e restaurantes à beira do rio. A cerveja desce fácil, pois a sensação térmica é de 40º, o céu azul, sem nuvens, belas paisagens e muita, muita sede, porque o clima é seco. Lábios e mucosas ressecadas, nenhuma gota de suor, um delicioso forno, afinal, em férias, a gente para, coloca soro fisiológico no nariz, uma Imperial na guela e pronto. Ah, não poderia deixar de mencionar o prato típico do Porto, a “francesinha”, uma espécie de sanduíche que se parece com lasanha, cujo recheio é variado (linguiça, salsicha, bife, ovo estrelado e o que mais você inventar, completamente coberto com mussarela e bastante molho de tomate ralinho por cima e em volta). É de comer rezando!

Atravessamos a ponte e já estávamos em Vila Nova de Gaia, onde saboreamos “aveiras' um tipo de linguiça recheada de caça, na “Taberninha do Manel”. Depois, fomos à cave Sandeman, degustar vinhos do porto e ouvir a sua história.

Partimos para Santiago de Compostela. No caminho, paramos em Guimarães, cidade onde nasceu Portugal, linda, cheia de restaurantes com suas terrazas, monumentos erguidos a dom Afonso Henriques, “o cara” que tornou seu país o primeiro estado unificado da Europa. Após, um pequeno passeio por Braga e, em seguida, Santiago.

No caminho de Santiago para Coimbra paramos em Aveiro, onde experimentamos as sardinhas com sal grosso na brasa e os famosos ovos moles. Na estrada, ouvimos as rádios portuguesas, comendo chocolates Lindt e Toblerone comprados nos “serviços” onde abastecíamos o carro com o frentista André.

A Universidade de Coimbra com a biblioteca Joanina deixou o André com vontade de fazer o mestrado na “terrinha” e a mim também, pois a faculdade de Letras é praticamente ao lado do prédio de Direito. À tarde conhecemos Conímbriga, as ruínas romanas do século I aC. E partimos para ver Portugal dos Pequenitos, um parque com todos os prédios famosos construídos em miniaturas, museus dos trajes e do mobiliário e prédios representando cada uma das colônias portuguesas. Foi a vez de Larissa e Rafaela aproveitarem.

No dia seguinte, partimos para Fátima. Depois, Leiria com seu castelo medieval, mas gostei mesmo foi do Mosteiro de Alcobaça, poder ver os túmulos de Pedro e Inês lembrando das aulas de Literatura Portuguesa. Aí, só mesmo um cálice de ginginha (licor típico a base de cerejas), mais cerveja e um maravilhoso sande (sanduíche) de atum, preparado por uma vendedora muito simpática, como todos os portugueses com quem conversamos. O auge desse dia foi outra cidade medieval: Óbidos. Linda! Caminhamos sobre suas muralhas, vendo as casinhas lá em baixo e plantações ao longe. Ao descermos, voltamos para o carro através das ruas estreitas, cheias de bares, restaurantes e algumas pousadas. Que vontade de pernoitar ali, mas ainda precisávamos chegar a Lisboa.

Nosso primeiro dia em Lisboa começou com o típico passeio à Torre de Belém, Padrão dos Descobrimentos e Mosteiro dos Jerônimos, sob um sol escaldante que só se punha às 9h da noite. Caminhamos demais, voltamos ao hotel para irmos a Cascais (Búzios dos alfacinhas) encontrar amigos brasileiros, mas, era uma sexta-feira, na hora do rush (que lá não costuma ser intensa) e houve um acidente na estrada que subitamente engarrafou as saídas de Lisboa. Resultado: voltamos para o hotel. Rapidinho um banho e rua! Fomos passear no Bairro Alto, Chiado, ver as pessoas, os bares cheios e o Rossio. Terminamos a noite no Fado Luso (comprei um cd autografado pelo cantor da casa).

Ah, não poderia deixar de falar do Oceanário de Lisboa. Lindo! Aquários de 7m de altura continham as várias espécies de plantas e peixes de cada um dos oceanos. Os pinguins, ao ar livre foram um show a parte, assim como a lontra. Larissa e Rafaela pareciam enfeitiçadas, brincando na casa do Vasco (mascote do oceanário), onde há reciclagem do lixo, economia de água e energia. De lá, fomos de teleférico ao Shopping Vasco da Gama e restaurantes do Parque das Nações. O passeio não parou por aí, afinal, acordamos cedo para ter um longo dia de descobertas. Seguimos para o Castelo de São Jorge e paramos um pouco por lá, deitados numa sombra. O calor continuava a torrar nossos miolos e nada melhor que uma Imperial bem gelada na varanda do Nicola, restaurante tradicional do Rossio, para hidratar nossas gargantas e “molhar a palavra".

Estoril, Cascais e Sintra – passeio do penúltimo dia em Portugal. Pegamos o carro e partimos à beira-mar (optamos por não seguir pela via rápida). Paradinha básica no Casino, fotos, uma voltinha pela cidade e tomamos a direção de Cascais, onde almoçamos e conhecemos a “Boca do inferno” de charrete. Mais uma vez, o sol não nos poupou e foi até desconfortável sentir aquele calor seco o tempo inteiro. À tardinha chegamos a Sintra, onde visitamos o Castelo da Pena, uma bela construção com influência árabe, mais recente, com os aposentos repletos de móveis e objetos de decoração dos últimos anos da monarquia.

Último dia, snif, snif. Fomos direto para a Casa Fernando Pessoa. O quarto e o gabinete estavam decorados como se fossem do heterônimo Ricardo Reis, o médico nascido no Porto e que viveu no Brasil durante um tempo. Esses ambientes são modificados periodicamente, dependendo do heterônimo que lá está a morar. Depois, fomos sentir mais um pouco o movimento do Chiado, almoçamos em Belém e compramos os famosos pastéis para trazer ao Brasil. Como o zoo só fechava às 20h, para lá nos dirigimos, afinal, as meninas queriam assistir ao show dos golfinhos. Conseguimos. Foi ótimo, apesar de cansados, termos ido até lá. Só não encarei mais um teleférico pois iria me desmanchar de tanto calor naquela cadeirinha. Fechamos o dia e a viagem com chave de ouro: jantamos um leitão à bairrada num restaurante próximo ao hotel.

Posso dizer que gostei imenso de Portugal. Ver a escultura do Fernando Pessoa no “A brasileira” me emocionou. Encontrar a livraria “Lello e irmão” no Porto, tudo como eu havia sonhado, foi demais! Seria impossível colocar no papel todas as impressões dessa viagem, mencionar os lugares e momentos que vivemos, no real sentido da palavra.

Foi a nossa terceira vez na Europa e primeira das nossas miúdas (ou “putinhas cómicas”). Elas encararam tudo! Alimentaram-se bem e caminharam à beça. Rafa voltou com calos e bolhas nos pés. O prazer do olhar inaugural superou o desgaste físico.
O livro “O português que nos pariu” (Angela D. De Meneses), assim como o guia da Publifolha, deram uma ajuda na parte histórica, assim como as recentes aulas de filologia do querido Professor Cláudio C. Henriques.

Ruas limpas, estradas perfeitas, pedágios justos, sinalização, respeito ao pedestre e trânsito organizado. Tranquilidade ao caminhar pelas ruas durante a madrugada, com máquinas fotográficas a vista (impagável). Resultado: não vou mais conseguir contar anedotas “de português”, pois a verdade é que nós, brasileiros, somos uma verdadeira piada (infelizmente).

Ah, já ia esquecendo de dizer que, em comparação com o Brasil, o preço do táxi na terrinha é barato e os motoristas conhecem cada monumento e a história das cidades, além de sentirem orgulho de contá-la. Mais um ponto para eles!

A comida é deliciosa e bem servida. O vinho é o nacional (sem comentários). Com a cerveja a gente se habitua fácil. Pode-se pedir a Imperial ou a Super Boch, bem geladas. TDB. Adorei!

terça-feira, agosto 03, 2010

POETAS PORTUGUESES

Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio
E suportar é o tempo mais comprido.

Peço-Te que venhas e me dês a liberdade,
Que um só dos teus olhares me purifique e acabe.

Há muitas coisas que eu quero ver.

Peço-Te que sejas o presente.
Peço-Te que inundes tudo.
E que o teu reino antes do tempo venha.
E se derrame sobre a Terra
Em primavera feroz pricipitado.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Eis-me

Eis-me
Tendo-me despido de todos os meus mantos
Tendo-me separado de adivinhos mágicos e deuses
Para ficar sózinha ante o silêncio
Ante o silêncio e o esplendor da tua face

Mas tu és de todos os ausentes o ausente
Nem o teu ombro me apoia nem a tua mão me toca
O meu coração desce as escadas do tempo em que não moras
E o teu encontro
São planícies e planícies de silêncio

Escura é a noite
Escura e transparente
Mas o teu rosto está para além do tempo opaco
E eu não habito os jardins do teu silêncio
Porque tu és de todos os ausentes o ausente

Sophia de Mello Breyner Andresen



Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

José Régio


Os Versos Que Te Fiz

Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer !
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder ...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer !
Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda ...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz !
Amo-te tanto ! E nunca te beijei ...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!

Florbela Espanca

DIETA...

sexta-feira, julho 09, 2010

LEITURA ATUAL 2



"Depois de receber o Prêmio Jabuti 2009, categoria Contos e Crônicas, e surpreender os leitores com o livro vanguardista de tweets, Fabricio Carpinejar apresenta sua nova coletânea de crônicas: Mulher Perdigueira.

Na obra, o autor cria sentido para o que não se vê. Aquilo que não tem cor, mas colore, que não tem peso, mas bate, que não tem forma, mas gosto. Aquilo que é o que faz as pessoas diferentes, que rasga histórias, que aproxima beijos, que enlaça almas, que constrói e destrói inversamente. Fabrício fala daquilo que importa.

Seja dissecando a alma feminina, em Gay heterossexual, transformando plástico em verdades, em Pratinho do vaso, ou mostrando ironia, em Ou entra em tratamento ou termino o namoro e Quinze minutos de verdade, o que Carpinejar faz é encostar-se no etéreo. Ele se envidraça, atravessa as pessoas com lupa e não encontra poros, e sim enxerga veias.

Em Mulher Perdigueira, ele está mais maduro e sua racionalidade serve para reforçar o escape de quando ele ultrapassa a forma coerente e surge de novo puro sangue para fluir, dualizando a configuração das coisas, arrepiando nas entrelinhas, tirando o fôlego no espaço entre as palavras e morrendo de amor a cada ponto final".

“Fabrício Carpinejar (...) empresta seu olhar para comentar o dia a dia, e o resultado é surpreendente: ele lê o avesso, inaugura palavras, desinterdita sentidos, descerra conceitos, solta ideias originais assustando a multidão impassível, como podemos observar neste Mulher Perdigueira. Mas vai além: restabelece o diálogo com o público, incomum entre seus pares, compartilhando dúvidas, angústias, espantos. (...) Carpinejar assume seu ofício com a consciência dos que se sabem predestinados.” (Luiz Rufatto)

LEITURA ATUAL 1



"A partir de uma minuciosa pesquisa, Miguel Sousa Tavares reconstrói, em Rio das flores, a atmosfera política, social e cultural de Portugal e do Brasil entre os anos de 1915 e 1945. Ao narrar a saga de uma família de latifundiários portugueses, faz um belo painel histórico e uma crítica aos totalitarismos da época

Com grande habilidade em casar ficção e história, Miguel Sousa Tavares, autor do aclamado Equador, faz neste seu segundo romance uma crítica a tudo o que tolhe a liberdade, seja no plano mais íntimo ou nos vastos territórios da política e da sociedade de uma maneira geral.A narrativa, que conta a história de três gerações da família Ribera Flores, se inicia em 1915 com a primeira República portuguesa e os embates com os monarquistas, percorrendo os principais acontecimentos políticos, sociais e culturais que marcaram Portugal, Espanha, Alemanha e o Brasil até o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945.

Filhos do monarquista e grande proprietário de terras alentejano Manuel Custódio, Diogo e Pedro protagonizam pólos opostos no seio familiar, mas que são reflexo dos acontecimentos externos. O primeiro, intelectual e absolutamente contrário aos totalitarismos, quer a mudança e decide deixar a mulher, as terras do clã e o Portugal salazarista para começar vida nova ao lado de uma mulata numa fazenda no Vale do Paraíba, no Brasil,em pleno Estado Novo.Pedro, no entanto, quer assegurar a permanência de sua posição de latifundiário. "Tu podes fazer este papel porque está alguém aqui a manter as coisas", diz a Diogo. Chega a aderir à União Nacional e lutar ao lado dos franquistas na Guerra Civil Espanhola.

Por meio de uma prosa envolvente e rica em detalhes, o autor traça, através da história dos Ribera Flores ? com suas tradições, histórias de amor e rupturas ?, um grande painel que comporta as principais contradições e acontecimentos da primeira metade do século XX".

LEITURA RECENTE



sinopse:

Neste romance - escrito em 1863 mas descoberto apenas em 1989 - Júlio Verne projeta para o ano de 1960 a sociedade parisiense de seu tempo. Ao pintar o ambiente da futura Paris, Verne cria um espaço visual preenchido por invenções científicas inimagináveis para sua época, mas espantosamente próximas à realidade atual.

SALA "VIAGEM AO CÉU" (MONTEIRO LOBATO) NA FEIRA DO LIVRO DO MIRA

 
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FERREIRA GULLAR NO MIRAFLORES

 
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